quarta-feira, 12 de janeiro de 2011

O MEDO



Moema Ameom

O MEDO é a base fundamental da estrutura humana. Aprender a reconhecer o que é, para que serve, como se manifesta e se utiliza, são tarefas que, uma vez realizadas com permanência e constância, traz a maturidade emocional, conseqüentemente, física e mental.

É por isso que os grandes manipuladores sociais sempre disseminaram – e disseminam - medos diversos em todas as castas sociais, com a intenção de controlar ações e reações, construindo o que melhor se encaixe em seus interesses pessoais e profissionais. O objetivo é manter o poder.

Poder sobre a mulher. Sobre a vida?

Quem gesta vida?

Controlar movimentos vitais?

Com este desejo entranhado nas mentes, como re.criar? Pro.criar? ReNovar?

Como a mulher insegura poderá gestar feto seguro? Constituir família segura? O que vem a ser segurança?

"Quando se olham no espelho estão sempre muito insatisfeitas consigo mesmas, sendo o percentual de 100% voltado neste sentido. Com a visão voltada para este desencanto, não conseguem enxergar possibilidades de manter uma relação afetiva por muito tempo."[1]

Este é o principal motivo dos desequilíbrios nas relações conjugais. Como compartilhar o que vejo como sendo ruim? Se não consigo me agradar, como vou agradar o outro?
Se não agrado, ele buscará quem lhe agrade. Medo de perder. Medo de ganhar.
A “fidelidade”do companheiro à sua pessoa é algo inexistente uma vez que a depreciação é constante.

Convivência desestruturada formando a sociedade, uma vez que a família é a base do aprendizado sobre comunicação.

O desejo maior (diz o artigo citado) é adquirir tempo para “cuidar da saúde”, o que não conseguem nunca pelo simples fato de que têm medo de não alcançarem o ideal imaginado. Cria-se o ciclo: “não procuro porque sei que não vou encontrar”, máxima do desencanto e do desânimo, cada vez mais crescente entre as mulheres do nosso belo país.
"Se isso pode mudar? Dificilmente. A frustração feminina com a própria imagem e a conseqüente busca por uma aparência mais próxima dos padrões inculcados pela mídia alimentam uma indústria poderosa". [1]

O mais interessante (pra não dizer triste) é que a maior parte desta indústria tem sua origem nos países estrangeiros aonde as mulheres já não vêm mais valores extremos nesta visão externa. Perderam tantos bens materiais que aprenderam a valorizar o essencial; acordaram para suas realidades somáticas e, por conseguinte, passaram a fazer dos espelhos bons companheiros de realização.
Não interessa à mídia divulgar esta qualidade feminina de revisão interior. Se isto acontece, como irão vender seus produtos?

Pra que aprender a usar papas de fruta para fortalecer cabelos e pele? As frutas nascem nas árvores; as hidromassagens estão nos rios e mares; a areia é esfoliante; a argila medicinal encontra-se na terra virgem. Nada disso precisa ser industrializado para fazer bem. Nossas avós, bisavós sabiam disso. De que serve ReAprender?
Utilizar e revitalizar estes conhecimentos que, em se tratando de Brasil, é riquíssimo em variantes?

Podemos ser exportadores de prazer natural.
Porque não somos?
Será por medo de assumir nossos medos?

É preciso ter coragem para sentir medo, e esta coragem brota quando conscientizamos nossa covardia diante de nossos valores vitais.

[1] artigo assinado por Cynara Menezes na revista Veja de 2004, edição número 1877

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