ReNata Batista
Neste mês de dezembro está fazendo 10 anos que eu saí da casa dos meus pais, lá no Mato Grosso. Por que saí? Queria experimentar uma forma de vida diferente... Longe, onde eu pudesse descobrir quem eu sou, ter alguma autonomia. Veja bem, eu não disse independência. Mesmo porque eu apenas mudei de dependência. Mas essa nova relação de dependência é tão diferente daquela que eu vivia na casa deles! Eu sempre recebi dinheiro deles, mas o simples fato de ter que administrar contas, compras, despesas, desejos... ah, sim, os desejos!
Querer e não poder ter, aprender a lidar com o que não está ao meu alcance, o que não depende de mim... Isso tudo transformou a minha relação com o mundo e comigo mesma. Sem contar com as outras dependências: dependi da convivência com os amigos para sorrir, curtir a vida e crer que vale a pena estar no mundo. Dependi dos anjos da guarda para não me perder por completo; da minha potência para não sucumbir diante das dificuldades... Dependi do apoio estrutural que recebi da Moema e de Moitakuá para me encontrar e reaprumar o que a vida desaprumou. Da poesia do Manoel de Barros pra pulsar...
Mas essas dependências são as singularidades da vida. Levante a mão aquele que não depende de algo
para ser feliz.
O que não dá, não dá pra aturar é a pessoa que não reconhece o valor dessas pequenas coisas da vida. E
não usa o que ganha da vida para se alimentar, para viver a própria vida. Essa é a dependência que aprisiona,
amarra, adoece. Uma pessoa assim vive de mamar na fonte e não usa a própria fonte interna para gerar sua
energia, reciclar-se. E não compartilha, não retroalimenta, só consome e suga. Aí é o ponto em que a porca torce
o rabo.
Acho que a dependência mortal é aquela em que não conseguimos lidar com as oposições. Se dependo
dos amigos mas fico bem sem eles, então estou construindo a minha vida. Se adoro doce mas consigo fazer
outras coisas quando não como um docinho, então estou na vida. Tenho medo das pessoas que não conseguem ficar sozinhas. Odeio homens que idolatram suas mulheres ao ponto de morrer na ausência delas. Mas também adoro um chamego, uma partilha, um grupo de amigos, bater papo e comer torta de limão.
Amo ir à praia e fico muito mais feliz quando pratico exercícios do que quando não pratico. Adoro a minha casa mas ficar 6 meses sem viajar me deixa louca. Adoro música mas não fico 1 hora direto sem nenhum silenciozinho. A vida foi me ensinando a depurar minhas dependências e ansiedades de modo que hoje eu posso dizer que lido bem com elas. Transito entre o sim e o não, o vazio e o cheio, barulho e silêncio. E garanto que é muito bom querer muito e me contentar com o pouco que posso ter.
Por tudo isso, eu confesso: independente eu não sou. Mas posso me considerar uma pessoa livre. Isso,
sim, é um a ooooooooooutra história! O que é ser livre para você?
Mas essas dependências são as singularidades da vida. Levante a mão aquele que não depende de algo
para ser feliz.
O que não dá, não dá pra aturar é a pessoa que não reconhece o valor dessas pequenas coisas da vida. E
não usa o que ganha da vida para se alimentar, para viver a própria vida. Essa é a dependência que aprisiona,
amarra, adoece. Uma pessoa assim vive de mamar na fonte e não usa a própria fonte interna para gerar sua
energia, reciclar-se. E não compartilha, não retroalimenta, só consome e suga. Aí é o ponto em que a porca torce
o rabo.
Acho que a dependência mortal é aquela em que não conseguimos lidar com as oposições. Se dependo
dos amigos mas fico bem sem eles, então estou construindo a minha vida. Se adoro doce mas consigo fazer
outras coisas quando não como um docinho, então estou na vida. Tenho medo das pessoas que não conseguem ficar sozinhas. Odeio homens que idolatram suas mulheres ao ponto de morrer na ausência delas. Mas também adoro um chamego, uma partilha, um grupo de amigos, bater papo e comer torta de limão.
Amo ir à praia e fico muito mais feliz quando pratico exercícios do que quando não pratico. Adoro a minha casa mas ficar 6 meses sem viajar me deixa louca. Adoro música mas não fico 1 hora direto sem nenhum silenciozinho. A vida foi me ensinando a depurar minhas dependências e ansiedades de modo que hoje eu posso dizer que lido bem com elas. Transito entre o sim e o não, o vazio e o cheio, barulho e silêncio. E garanto que é muito bom querer muito e me contentar com o pouco que posso ter.
Por tudo isso, eu confesso: independente eu não sou. Mas posso me considerar uma pessoa livre. Isso,
sim, é um a ooooooooooutra história! O que é ser livre para você?
"A liberdade é a possibilidade do isolamento.
Se te é impossível viver só, nasceste escravo."
Fernando Pessoa
Se te é impossível viver só, nasceste escravo."
Fernando Pessoa
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