quarta-feira, 12 de janeiro de 2011

Cirurgia Plástica



Moema Ameom

“Outro número que impressiona: nada menos do que 58% das brasileiras afirmam que, caso a cirurgia plástica fosse gratuita, recorreriam imediatamente ao bisturi... as mulheres brasileiras ... vivem queixosas em relação ao que vêm no espelho. Apenas 2% dizem achar-se bonita...”[1]

“Hoje em dia, estar com a autoestima em baixa é considerado um aspecto da saúde. Conviver bem consigo mesmo é fundamental. Quando bem indicada, uma cirurgia plástica promove o bem-estar assim como a psiquiatria, que também tem esse enfoque.” Ivo Pitanguy [2]

Deduzo que as brasileiras, em sua maioria, estão com a autoestima baixa, desvalorizando-se a ponto de querer mudar o que vêm no espelho. Enxergam-se feias, gordas, baixas, enfim, fora do padrão considerado esteticamente perfeito.

Os cabelos enrolados, predominantes no centro-norte do Brasil e os louros do sul, entram em choque com os lisos da pele de jambo, e cada qual em seu território, ao olharem as belas mulheres da televisão, revistas e cinema, modificadas por fotoshop, amaldiçoam-se, chicoteiam-se, às vezes até a morte, através dos bisturis, lipoaspirações, tinturas capilares, chapinhas, balaiagens, etc...
Aspiram por bela imagem; aquela que de tanto querer ver diante do espelho acabando por imaginar que vêm distanciando-se da essência de suas verdades.

Se, por ventura acabarem por se entregar ao instinto materno, que tanto “deforma” a matéria, como irão se relacionar com os “vilões deformadores” que delas surgirem?

Qual o futuro do povo brasileiro?

Fortalecimento da desvalorização?

Certamente se deixassem vir à tona a potência do enraizamento brasileiro, fazendo uso do orgulho indígena, aprenderiam a lidar com uma riqueza de formas e movimentos vitais jamais comparáveis a nenhuma outra mulher do planeta. Rica. Profundamente rica em sabedoria visceral.

Fico imaginando se, além de exportar aquelas que se embonecam com plumas e paetês para fazerem o papel de Barbies Carnavalescas, o Brasil passasse a exportar também, em grandes proporções, mulheres brasileiras nutridas por autoestima fortalecida.

O que ganharia o planeta?

Quando muito, mães alegres, felizes, sambistas, criativas no jogo de cintura; fonte de vitalidade e renovação transformadora.

Aliás, por falar em mãe, eu teria ficado bem mais feliz se a nossa presidenta, que se auto-intitula mãe do país e que de agora em diante passará a ser exemplo para tantas mulheres brasileiras, tivesse assumido sua origem búlgaro-mineira sem se deixar americanizar nos traços, cabelos e vestimenta. Subiu ao trono mais uma senhora estrangeira. Colonizadora?

[1] artigo assinado por Cynara Menezes na revista Veja de 2004, edição número 1877

[2]http://www.clicrbs.com.br/especial/rs/donna/19,206,2860094,Entrevista-com-Ivo-Pitanguy-Nao-somos-Deus-.html]

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