sexta-feira, 24 de dezembro de 2010

Umbigo


ReNata Batista

Neste mês de dezembro está fazendo 10 anos que eu saí da casa dos meus pais, lá no Mato Grosso. Por que saí? Queria experimentar uma forma de vida diferente... Longe, onde eu pudesse descobrir quem eu sou, ter alguma autonomia. Veja bem, eu não disse independência. Mesmo porque eu apenas mudei de dependência. Mas essa nova relação de dependência é tão diferente daquela que eu vivia na casa deles! Eu sempre recebi dinheiro deles, mas o simples fato de ter que administrar contas, compras, despesas, desejos... ah, sim, os desejos!

Querer e não poder ter, aprender a lidar com o que não está ao meu alcance, o que não depende de mim... Isso tudo transformou a minha relação com o mundo e comigo mesma. Sem contar com as outras dependências: dependi da convivência com os amigos para sorrir, curtir a vida e crer que vale a pena estar no mundo. Dependi dos anjos da guarda para não me perder por completo; da minha potência para não sucumbir diante das dificuldades... Dependi do apoio estrutural que recebi da Moema e de Moitakuá para me encontrar e reaprumar o que a vida desaprumou. Da poesia do Manoel de Barros pra pulsar...
Mas essas dependências são as singularidades da vida. Levante a mão aquele que não depende de algo
para ser feliz.
O que não dá, não dá pra aturar é a pessoa que não reconhece o valor dessas pequenas coisas da vida. E
não usa o que ganha da vida para se alimentar, para viver a própria vida. Essa é a dependência que aprisiona,
amarra, adoece. Uma pessoa assim vive de mamar na fonte e não usa a própria fonte interna para gerar sua
energia, reciclar-se. E não compartilha, não retroalimenta, só consome e suga. Aí é o ponto em que a porca torce
o rabo.
Acho que a dependência mortal é aquela em que não conseguimos lidar com as oposições. Se dependo
dos amigos mas fico bem sem eles, então estou construindo a minha vida. Se adoro doce mas consigo fazer
outras coisas quando não como um docinho, então estou na vida. Tenho medo das pessoas que não conseguem ficar sozinhas. Odeio homens que idolatram suas mulheres ao ponto de morrer na ausência delas. Mas também adoro um chamego, uma partilha, um grupo de amigos, bater papo e comer torta de limão.
Amo ir à praia e fico muito mais feliz quando pratico exercícios do que quando não pratico. Adoro a minha casa mas ficar 6 meses sem viajar me deixa louca. Adoro música mas não fico 1 hora direto sem nenhum silenciozinho. A vida foi me ensinando a depurar minhas dependências e ansiedades de modo que hoje eu posso dizer que lido bem com elas. Transito entre o sim e o não, o vazio e o cheio, barulho e silêncio. E garanto que é muito bom querer muito e me contentar com o pouco que posso ter.
Por tudo isso, eu confesso: independente eu não sou. Mas posso me considerar uma pessoa livre. Isso,
sim, é um a ooooooooooutra história! O que é ser livre para você?

"A liberdade é a possibilidade do isolamento.
Se te é impossível viver só, nasceste escravo."
Fernando Pessoa

quarta-feira, 15 de dezembro de 2010

Dependência Afetiva

Este espaço é todo seu. Limpe-se da dependência afetiva que o(a) impede de se expor.

Coragem!

Em nome de um novo tempo onde sua criança poderá brincar livremente com suas idéias próprias, aproveite a oportunidade que este momento está lhe proporcionando e seja INFORMAL com sua essência vital!

Você é pai, mãe?

Filho(a) certamente é.

O que pensa sobre esta frase: a mãe deve criar os filhos até o ponto em que pode, para mais tarde, abandoná-los no mundo. ??????

Vamos dar ênfase para a palavra ABANDONO e deixar fluir seus argumentos.

VICIADOS EM TRABALHO

Começo esta explanação colhendo do texto prublicado n’O Informal, dados com os quais irei construir meu jogo vital.

“Os pais são o modelo de comportamento adulto dos filhos”
“Não há dúvidas que as crianças e os adolescentes que iniciam o uso de remédios e drogas ilícitas vêem no exemplo das pessoas mais velhas uma atitude a ser imitada”
Falta coerência.


Como gerar modelo e/ou exemplo sem que haja coerência? Partindo do princípio de que, coerência é fruto da conscientização plena das sensações existentes na força da individualidade, como gerar um exemplo construído no fluxo vital, se o que foi recebido como orientação não continha esta qualidade de informação?

Estou abordando o tema da humanidade involuída que, de tanto se pré.ocupar em evoluir, esqueceu-se de construir amadurecimento emocional necessário para dar atenção aos seus atos e ações, observando atentamente as ondas de retorno deles provenientes, responsabilizando-se pelas mesmas.

A (in)evolução parte do princípio que o olhar interno é o mais importante de todos os olhares e devem vir em primeiro plano sempre, mas principalmente quando o Ser em questão estiver no lugar de orientador seja como pais, professores, mestres espirituais, enfim, nortes na formação de outros seres humanos.

É imprescindível reformular a criança interna cujo adulto, já formatado, pode muito bem rever conceitos, regras e normas a fim de se reeducar, gerando um novo paradigma de educação para sua própria consciência.

Biotônico Fontoura - para qualquer problema, uma substância química é uma solução rápida.

Quanto às soluções químicas vistas como soluções imediatas, sou exemplo de uma geração Biotônico Fontoura, que agora tende a retornar. Fui induzida a ingerir este estimulador de apetite devido à minha excessiva magreza física.

Comer mais e melhor era a ordem do dia para que pudesse tornar-me mais gorda, saudável e apreciável. O respeito pelo meu biótipo ficou muito distante de mim; meu corpo, teimoso como ele só, manteve-se firme no propósito de ser magra. Sentindo-me muito mal, lógico, uma vez que, para ser considerada bela, precisava engordar, até mesmo para ser bailarina, uma vez que destoava da maioria.

Hoje em dia faria sucesso como modelo, talvez, e seria muito bem vista pelos olhos adultos; porém hoje sou gorda.
Gorda? Ou serei uma senhora de 60 anos feliz com seu corpo bem vivido? Poderia ter sido também uma adolescente feliz comigo mesma. Não consegui este feito.

Em se tratando de aparelho digestivo, ganhei uma úlcera aos 12 anos (talvez devido ao estresse para manter minha integridade física) e hoje sei o quanto esta manipulação alimentar levou-me a fugir dos prazeres a vida.

O medo de sentir prazer está profundamente relacionado ao ato de comer uma vez que a boca e os órgãos genitais se intercomunicam através da coluna vertebral, sendo o chacra da consciência instalado na região do estômago. Tornei-me dependente do amor dos outros por não conseguir construir o meu próprio.

Viciei-me em trabalho fazendo da criatividade aplicada nele uma válvula de escape, onde o esforço para agradar os outros, tornou-me escrava de ações e reações incompatíveis com a minha verdade.

E de nada (ou de muito) adiantou o Biotônico Fontoura.

Problemas de vida não geram dependência química.

Será?

Tomando como princípio a energia física, aquela proveniente do encéfalo que, percorrendo a medula óssea (SNC) auxilia o organismo a produzir movimentos vitais gerados pelo Sistema Nervoso Periférico, problema vem a ser antifluxo de energia.
Momento em que os processos de fluxo/refluxo, ao invés de escorrerem pelas redes nervosas contidas nos aparelhos respiratório, digestivo e circulatório (para citar alguns), impedem a propagação de ondas vibracionais, hiper-aquecendo (ou resfriando) moléculas proveniente da repetição de impulsos estagnados.

Sendo o organismo produtor de hormônios, reduto de vírus e bactérias, componentes (dentre muitos outros) da sua massa corporal, reter estímulos é uma das grandes causas da geração de dependência química devido à alteração na qualidade de respiração celular decorrente da retenção energética.

É bom lembrar que ninguém “pega virose”. A crise virótica nada mais é do que manifestação de vírus desequilibrados dentro do Corpo Físico. Este desequilíbrio tanto pode ser causado por reorganização dos processos de fluxo/refluxo onde a intenção é fazer evoluir a matéria, como também pela dependência energética instalada nas vísceras. Neste último caso, a visão caminha para a patologia (doença).

quarta-feira, 1 de dezembro de 2010

Ciclo Vital


Moema Ameom

Neste momento da minha existência um ciclo de vida se completa. Acho linda esta capacidade de conscientizar o fechamento de ciclos espiralados onde o mantra da repetição ganha tons, cores e impulsos diversos, desfazendo o cassete energético provocado pelo medo de evoluir. “Estou evoluindo de verdade” é o que me diz esta constatação.

Semana passada fui convidada por um amigo/discípulo de metodologia moitakuense, prof.Rodrigo Gondim, para fazer parte da banca examinadora de um concurso de dança criado por ele na Escola Municipal Levi Carneiro com a intenção de incentivar e estimular seus alunos desta rede pública de ensino. Adorei a idéia e aceitei de imediato.
Na hora do convite surgiu em meu corpo uma sensação interessante que somente hoje pela manhã consegui transcodificar.
Durante meditação matinal, minha consciência trouxe à tona a época em que dava aulas de ballet clássico na Escola Estadual Darcy Vargas na Lagoa-Rio. Era em torno do ano de 1974/75.
Foi minha primeira experiência como professora de ballet.
Muitas crianças desmotivadas, mães sem muita expectativa com relação àquele tempo que dedicavam à dança e eu, como professora e coordenadora do setor, sem saber o que fazer com o ensino do “balezinho”. Resolvi, então, criar um concurso de coreografias incentivando as alunas a coreografarem, desenharem seus figurinos e cenários.
O evento foi realizado no palco do auditório do Jockey Club do Rio e eu convidei para a banca examinadora alguns amigos do Teatro Municipal do RJ e do corpo docente da Academia de Ballet Tatiana Leskowa.

Foi um assombro para todos os participantes. Uma bela festa de confraternização de classes sociais e artísticas que me facilitou a implantação de uma visão mais ampla com relação ao valor da dança na vida das pessoas.

Agora me preparo para apoiar a iniciativa deste aluno, que mestre é de mim, aplaudindo sua iniciativa com pleno conhecimento de causa.
A alegria ainda é maior porque, no mesmo evento cultural, meu filho, prof.Victor Rocha, estará mostrando os trabalhos de seus alunos da turma do Curso Livre de Cinema cujo objetivo é fazer do cinema um veículo de educação.

Plantei e estou colhendo! Feliz .... muito feliz com o resultado da colheita.

Itaipuaçu, 1 de dezembro de 2010

COLCHA DE RETALHOS


Moema Ameom

Talvez incentivada pelo retorno da Internet em minha casa, talvez pelos ajustes feitos no leptop, ou, quem sabe, tomada pelos acontecimentos que me envolveram nos últimos dias, ou ainda pela proximidade da entrada do verão, signo de Capricórnio, o regente do meu sol, pela tomada do Complexo do Alemão – Rio, ou por estar nadando nas ondas da esperança ... sabe-se lá o que me faz, neste momento, criar uma colcha de retalhos com pedaços do meu emocional.
Idéias materializando-se para ...
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Como é simples e fácil dançar um pas des deux comigo mesma! E pensar que tive tanto medo de aceitar este desafio! A confiança em mim como partner era nula. Falta agora conseguir me abster da necessidade dos aplausos. Está sendo instigante (belo estímulo) uma vez que, em águas passadas, apoiava-me na intensidade do som proveniente deles para equalizar minha sensação de sucesso. Por mais que eu conheça, em teoria, o que isto significa e/ou significou, o organismo sente falta do som. É isso! Do som pura e simplesmente. É preciso afinar o instrumento em outro diapasão. Para tal, vou buscar a acuidade da audição; ouvir meu cliente interno, que sou eu mesma, para que possa administrar melhor esta fábrica de vida que é o meu corpo físico. Estou nessa!

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Interessante esta história do que vem a ser profissional.
Outro dia, em conversa com uma amiga, consegui verbalizar sobre uma visão interna que me faz companhia há muito tempo.
Todos os seres humanos (pessoas) coexistem com uma única profissão: cuidar, manter e preservar os movimentos vitais.

Como “pessoa” vejo o Sistema Nervoso Central que faz a manutenção da matéria através do contato intercambial com o encéfalo e a medula espinal.
A “profissão” é fornecida pelo Sistema Nervoso Periférico, onde, através de seus meandros criativos de ação/reação, proporcionam à “pessoa” a possibilidade de aplicar conhecimentos e sabedorias adquiridos e conscientizados na prática do cotidiano, alicerçando a Inteligência Emocional ao patamar de Inteligência Intelectual e vice-versa.

Vejo os movimentos vitais como sendo pura arte. Portanto, considero a profissão de artista aquela que reúne os homens em torno de um único ideal: viver em paz consigo mesmo. Talvez seja por isso que as pessoas/profissionais que fazem da arte uma canalização para a criação da profissão social, sejam tão minimizadas pela sociedade, ao mesmo tempo em que são endeusadas. É o reflexo da dualidade do Homem gerada pelo medo de assumir sua condição humana. Que condição é esta que tanto aflige a tantos? A de ter que administrar, dentro de si mesmo, razão e sensibilidade, assumindo, como única obrigação, manter a ressonância harmônica entre estas duas sensações térmicas de existência.
Como gerar processos de união entre o frio e o calor, equalizando-os dentro de um só corpo? Quanto mais for capaz de aplicar na prática a criatividade artística inserida em suas moléculas, melhor cumprirá seu dever de cidadão dentro do seu complexo orgânico.
Sendo assim, cabe ressaltar a importância da valorização dos movimentos artísticos inseridos na área educacional, para que através deles, o Homem possa vir a conscientizar o medo de sentir o medo que tanto o distancia dos limites imprescindíveis para uma boa administração de sua vitalidade física, mental e espiritual.

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Curiosas são as interlocuções existentes sobre o vem a ser homem/mulher; feminino/masculino; macho/fêmea.
Gosto de simplificar estes dois movimentos vendo-os como sendo + e -, ou melhor, expansão e contração reunidos em uma única proposta de vitalização: manter os processos de concentração responsáveis pela manutenção das matérias a fim de preservar as formas de vida.

Quem contrai mais ou menos, o Homem ou a Mulher ???
Só dá pra responder esta pergunta se for para criar uma bela piada e ouvir o som de uma gostosa gargalhada que brotará naturalmente de tamanho absurdo contido no questionamento.
Portanto, quem é o maior responsável por isso ou aquilo? Quem faz assim ou assado? Quem guia quem pra onde? Por que? Pra que? Dividir responsabilidades? Como fazer para crescer e multiplicar se ficamos a dividir?
Mais uma vez apresenta-se, pelo mesmo motivo, a dualidade humana. Olhar para o profissional interno antes de realizar tarefas associadas àquele externo, certamente ajudará “a pessoa” e suas incessantes buscas por algo que não precisa ser buscado. Basta ser conscientizado!

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Literatura é uma bela arte.
Palavras servem para distrair a mente.
Fazem brincar os pensamentos!
Levá-las a serio inibe a capacidade de extrair das mesmas, jorros de criatividade de onde surgem as fontes brincantes da alma.
Imaginá-las como únicos guias da verdade, inibe os processos permanentes de (in)evolução que nos coloca em contato com as verdades contidas na concentração, necessárias para a regulagem vital dos movimentos de contração e expansão – pulsação-

Estes são os coreógrafos do pas des deux cuja melodia vem da divindade existente na conscientização, aceitação e valorização do momento presente.
Da convivência com a negritude desta bela dança surge a LUZ!

Itaipuaçu, 1 de dezembro de 2010