quarta-feira, 9 de setembro de 2009

SOU MAIA



Foto Rodrigo Andrade

SOU MAIA

Estou no cio da magia!!!
Momento que teve início quando me soube avó!
Ali o espetáculo começou e desde então, torno-me espectadora do divino.

À minha frente descortina-se o filme de minha trajetória pela Terra onde as lembranças revividas sinalizam o caminho da (in)evolução. Medos do passado confrontam-se com os do presente estruturando espaço para os medos do futuro. Muitos.

Aprendo, com o olhar construído pelas fragilidades emocionais que me foram implantadas, a enxergar as sementes às quais vale a pena dedicar meu tempo.
A correnteza me conduz para frente; me joga nos riscos totalmente desconhecidos.

Nunca fui avó antes!

Cuidei de muitas crianças que vieram a mim procurando a mãe e avó com as quais sonhavam. Idealizavam-me e colocavam-me nas telas de suas imaginações e no palco de suas vidas; mas ser não é representar. Assumo que confundi as funções. Foi o que aprendi.

Sempre extraí da cena aprendizados múltiplos, mas, quando o pano fechava e as luzes da ribalta se apagavam, por diversas vezes deparei-me com o despreparo psicobiofísico para sentir as ondas de retorno assimiladas, provenientes das traduções mal feitas quanto às minhas interpretações.
A depressão invadia meu coração desequilibrando a essência e, consequentemente, minha saúde. Destes momentos aprendi a captar recursos para re.Ver minhas ações (projetadas nas palavras expressões e atitudes) com a intensão de melhor adequa-las ao próximo evento.

Vale a pena ressaltar que chamo de traduções mal feitas, o que não se coaduna com as verdades do meu ser, ou seja, com o que sinto em relação ao fato abordado.

A boa representação requer muita atenção às “deixas” (*) que o outro nos dá. O sucesso da colocação da nossa intensão, dependerá sempre de como ouvimos o que nos é dito. Este como é construído em nossos sentidos, por isso, será o responsável pela potência da frase seguinte, espelho da nossa verdade interior construída naquele instante.

Minhas responsabilidades diante de meus filhos – nada fictícias - sempre me conduziram a nascentes renovadas pelos medos do erro e, principalmente, dos acertos.
Os conceitos absorvidos, modificados em velocidade inverossímil pelos processos da evolução tecnológica, confrontavam-me constantemente com um distanciamento que me envolvia em mágoas por perceber a incapacidade de acompanhar rebentos que me arrebentavam por me arrebatarem com suas volúpias.

Mãe desarvorada... árvore sem flores e frutos.
O desejo era dar todo espaço do mundo para deixar aflorar Seres plenos, mas estes, por assim serem, voltavam-se qual dragões, cuspido-me o fogo sagrado da transformação.
Que sombra era capaz de dar?

Foi me debatendo diante dessas incapacidades que aprendi a ser capaz.
Foi vivendo todos os medos que esta conscientização me proporcionava, que segui adiante e construí um caminho mais substancial para meus pés.

Bom foi o Universo que só deu o novo desfio quando já me sentia mais estável no anterior.
Entrelaçam-se, qual corrente de elos límpidos, filhos e netos, porem, as responsabilidades são distintas e as ações Completa.Mente diferentes.

Hoje consigo enumerar vitórias alcançadas com as pesquisas desenvolvidas nesta trajetória; pesquisas estas que me valeram um método de trabalho – MOITAKUÁ – compartilhado com quem quer apreender o verdadeiro significado do simples.

Reavaliando processos de fluxos e refluxos compartilho anotações colhidas pela alma qual flores primaveris, frutos doces de uma vida vivida na totalidade da existência.
Arvorei-me pontuando que:

1. É muito importante um dedo em riste apontado firmemente para a cabeça qual arma pronta para disparar ao menor sinal de descuido para com as responsabilidades pessoais diante das ações, reações, e tudo que é derivado das mesmas. Para que “o tiro não saia pela culatra”, prestar atenção para onde o dedo aponta é imprescindível.

2. É fundamental a conscientização surgida da permanente observação das reações que minhas atitudes provocam e a captação do que sinto quando as observo. Trabalhar internamente o que é sentido, modifica a ação seguinte. Sucesso com a platéia é tudo que precisamos para sermos felizes.


3. É básico aguçar a capacidade de perceber as ondas de medo que surgem a todo instante (construtoras do limite) dando a sensação de fragilidade interior e que, na verdade, constroem a fortaleza quando vivenciadas na totalidade. Construir limites para poder da-los sem atropelar o respeito ao individualismo onde é formada a responsabilidade consciente.

4. É essencial aprender que a mente jamais poderá se desligar das ondas pensantes. Quando a mesma atinge o equilíbrio, que pode ser chamado de vazio, alcança a totalidade de impulsos neurais e estes, preenchem a mente com pensamentos variados e criativos. Quanto mais vital mais curiosos, criador, arteiro e artista torna-se o Ser. Aprender a cuidar dos pensamentos é aprender a lidar com as redes nervosas que regulam o tônus gerando o equilíbrio da homeostase.


5. Sendo assim, aprender a lidar com a criatividade orgânica introjectando nela o nível de razão mais apropriado para a coordenação motora dos movimentos vitais que ela desperta é fazer com que a abrangência dos sentimentos construa nossa Orquestra Sinfônica, cujo regente é o Divino que nos envolve.

Passamos a ser maia sem perdermos o rumo das nossas reais responsabilidades diante de nós mesmos.


Moema Ameom
9.9.2009


(*) – Na formação teatral aprendemos que “deixa” é a última palavra dita pelo parceiro de cena e que nos possibilita saber a hora certa para falar o texto que nos cabe.

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