Ele chegou de mansinho. Voz firme,
gostosa de ouvir, toque decidido, convicto de si.
Eu, que há tempos não me interessava
por nenhum carinha, fiquei amarradona. Mas não como nas paixões juvenis, que a gente não consegue nem
respirar de tanto desejo. Não, a esta altura da vida, as coisas são mais sutis, e por isso mesmo, mais
intensas.
Posso dizer que o que eu vivi não
foi paixão: foi amor.
Sim, desde que o Clément passou pela
minha vida, a concepção de amor ganhou uma proporção muito maior. Amor é algo
que a gente constrói com a união dos positivos e negativos. É algo que permeia
tão sutilmente a nossa vida que até parece que não sentimos. Aí que mora o
perigo, porque quase sempre negamos o amor (sutil) em prol das paixões
(avassaladoras).
Mas nesta história eu estava
amando.
E sabia que corria riscos. E se eu me
envolvesse e não desse certo? (impressionante isso: como é forte a necessidade de
garantias, como é grande a nossa insegurança de nos entregar ao que sentimos!
Precisamos saber direitinho o que acontecerá para só então abrir a porta).
Mas eu já não sou uma menina sonhadora.
Fiquei com medo no princípio, depois fui, sabendo que na vida só o que a gente
vive se torna experiência – e o resto é ilusão, e daí vem as doenças e
insatisfações que aprisionam o corpo e a alma.
Como é de minha natureza, lancei-me
aos riscos.
E vivi. Dez dias no total.
Um ciclo bonito, com princípio, meio e fim, tudo muito rápido. Começou e
terminou do nada. Foi-se sem dar explicação. Em um intervalo de poucas horas,
parecia que alguém mexia num caldeirão para quebrar o encanto, e de repente ele estava lá, espatifado no chão.
Restaram cacos, que foram
juntados e reciclados para formar outra peça, ainda mais bonita e fortalecida. Idas e vindas de pensamentos e
emoções, frustrações seguidas da convicção de que era pra ser assim – e eu nada
poderia fazer para evitar ou mudar.
Ficou a satisfação de ter vivenciado
os desígnios do coração.
Ficaram os agradecimentos às forças que me acompanham e zelam por mim, sem jamais me desamparar.
Espero que fique também uma grande amizade.
Ficaram os agradecimentos às forças que me acompanham e zelam por mim, sem jamais me desamparar.
Espero que fique também uma grande amizade.
ReNata Batista
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