Por Moema Ameom
-“Ai..ai...ai....sua
boca tá suja de cocô! Que feio! Fica já aí quietinha!”
Assim falava
Lavínia, minha neta, para sua boneca colocando-a sentada na cadeira.
Eu observava
atentamente sua brincadeira como sempre faço quando quero descobrir mistérios
da vida.
-“Sua filha
comeu cocô?” indago eu.
-“Não vó!
Ela fala bobagens e morde os amiguinhos. Que feio,né?”
O silêncio
faz-se meu companheiro. Penso. Como assim? De onde vem este ensinamento? Só
pode ser da Escola.
Sendo as
fezes o resultado de todo um processo de transformação do Corpo Físico, a que
resultado emocional pode levar a conotação do coco com coisas feias, sujas,
fedidas e porcas?
Lembro-me de
estudo desenvolvido onde a relação coco e menstruação me foi sinalizado. Indo
mais adiante, coco, menstruação e feto. Aprendi que problemas existentes com o
ato de defecar nas meninas pode, no futuro, gerar tensões pré-menstruais
intensas levando inclusive à negação da feminilidade se não houver bom
acompanhamento. Dificulta a relação afetiva com o feto. Nos meninos pode
conduzir às dificuldades de ereção. Ou seja, minimiza a procriação por
enfraquecer a força criativa do organismo.
O que fazer,
então com a boca suja de cocô?
O que fazer
com a sabedoria que me sinaliza a profunda intercomunicação (via coluna
vertebral) da boca com a vagina?
Sou avó. Sou
sombra orientadora; não sou nem devo ser ação.
-“ Que tal
conversar melhor com a sua filha sobre as maravilhas do cocô?” Questiono.
-“?” ... o
olhar volta-se para mim abrindo um imenso portal de aprendizado.
Dou uma
palestra sobre cocô com a boca cheia de prazer!
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