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Por Moema Ameom
Estou lendo um livro bem interessante para quem gosta de desconstrução. Trata-se do “A Vida que Valer a Pena ser Vivida“ de Clóvis de Barros Filho e Arthur Meucci.
Colhi de suas páginas uma informação orientadora para o texto que assino: “Schopenhauer, importante filósofo do século XVII, resumiu a existência humana servindo-se da alegoria de um pêndulo que oscilaria da esquerda para a direita, entre o enfado e a frustração.[...] ou desejamos e, por definição, não dispomos do objeto desejado (frustração), ou dispomos daquilo que não desejamos mais (enfado).”
Foco-me nos dois processos de movimento que regem o Sistema Humano: Cinestesia e Sinestesia. Coloco o desejo no campo sinestésico da sensibilidade, onde a imaginação rege a ação motivadora, impulso que conduz à cinestesia existente nos processos de praticidade do Corpo Físico.
Neste campo de realidade as ações e reações precisam ser adequadas aos fatos externos. Desta regulagem surge a ressonância sistêmica onde o desejo e a satisfação pessoal são capazes de conviver em harmonia, promovendo comunhão energética, fonte da Re.vitalização molecular.
Ao desejar, o impulso proveniente do mesmo, não utilizado na proporção necessária para alcançar o contato com a possibilidade de praticá-lo como deseja, gera atrito celular proveniente do conflito neural produzido pela impossibilidade. Este atrito desequilibra o fluxo nervoso medular fazendo com que o organismo produza o tal pêndulo acima citado. Este é o caminho para o enfraquecimento da conscientização corporal do desejo.
Transformar a vida em um movimento pendular realmente é desativar o contato com a totalidade sistêmica onde os processos complementares geram o fortalecimento de seus três corpos, colocando o Sistema habilitado para viver a vida como se apresenta ao aprender a fazer uso do desejo para fortalecer o ato de criar e recriar situações vitais.
Como “levar a vida” de maneira fluídica e, conseqüentemente prazerosa se os desejos andam amarrados na propaganda e marketing? Ou a visão do desejado é camuflada ou o desejo é enaltecido criando impulsos de ansiedade. Sendo assim; ou não uso o impulso (energia criativa) ou o utilizo de maneira desordenada.
Para que surja o ponto do equilíbrio, é preciso que o pêndulo pare de oscilar no “To Be or not To Be”, passando a ser utilizado como embalo para um mergulho profundo no medo de ser holístico. Assumir a verdade de ser um Sistema Global compatível com a globalização criada externamente pela humanidade.
E tudo pode começar pela boca. Comer o que é desejado. Estimular o desejo via oral é um excelente começo para uma boa regulagem das regiões pélvicas onde o prazer (ou não) sexual se mistura ao prazer (ou não) de urinar e defecar na tenra idade. Comer e defecar são atos estritamente unidos pelos impulsos da medula óssea. Distanciá-los significaria desassociar a boca do ânus, o cóccix da vértebra Atlas. É possível? Claro que não!! Porém, a cultura, a história, a filosofia, brincam com a mente humana fazendo com que os simples mortais, mamíferos por excelência, acreditem que sim.
É assim que às vezes ouvimos de bocas masculinas o seguinte jargão: “Vou comer aquela mulher.” Quem come quem? Em se tratando de coreografia linear, quem abre a boca, morde, mastiga e engole é a mulher. Ou não? Porém o desejo verdadeiro nela contido e, na maioria das vezes, mal trabalhado em suas vísceras, pode até deixar transparecer que está sendo comida.
Na verdade, quando o ato sexual é envolvido pelo prazer intrínseco à vida, aquele proibido por Shopenhauer, faz surgir o fluídico movimento do desejo realizado, de onde brota o amor, que se mantém saciado pela convivência diária por transformar o aprender a aprender em um permanente banquete de conquistas emocionais. Algo que realmente vale a pena ser vivido. E como!!
“Certas coisas só são amargas se a gente as engole.”
Millor Fernandes
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