quarta-feira, 31 de outubro de 2012

Verdade




Por Moema Ameom

Era noite. Momento de recolhimento.
-“Vó, não quero que você durma no meu quarto.”
-“Sabe me dizer por quê?”
-“Não.”

Embebi-me de felicidade.

Quantas vezes quis falar coisas do meu coração para meus avós, pais e parentes! Coisas que ficavam travadas na garganta, no peito, no espírito e na alma! Coisas que tumultuavam meus pensamentos fazendo-me acreditar que, para agradá-los, não podia falar o que sentia.

Ali, na minha frente, Lavínia, menina de quase três anos, colocava a voz de seu coração para fora com a tranquilidade que eu ainda não alcancei por completo.

Embebi-me de prazer.

Congratulei-me por ter percorrido o caminho da verdade. Todas as dificuldades percorridas se dissiparam dentro de mim e como um poderoso solvente, fez-me plena e absoluta na construção interna do meu Ser.

Agradeci-me!

30/10/2012

sábado, 20 de outubro de 2012

PIPOCA

Por Moema Ameom em 18/10/2012




Havia um pote cheio de pipocas.
Foco de união. 
Em seu redor três gerações partilhando o canto dos pássaros; som do fim de dia.
Mais uma vez o entardecer desta bela Cuiabá onde o sol nos presenteia com cenário majestoso ao se despedir.

Risos, olhares, troca de emoções, onde a verdade é exalada pelos poros.
Pipoca deliciosa!
Delícia de momento!
-“ Vó, prova esta!”
-“ Mãe, tá salgada?”



Fica-me o puro sentido da presença.

segunda-feira, 15 de outubro de 2012

ENTARDECER




O entardecer na cidade de Cuiabá remove montanhas emocionais fazendo-nos mortais conscientes.

Sentei na varanda da casa de minha filha, bem acocorada no meio fio como é meu melhor gosto. Ao longe uma voz: - “ Vóóóó... cadê você?” – “Estou aqui na varanda!”

Passos firmes se aproximam. Passos de mulher com três anos a serem completados em breve. Lavínia senta-se ao meu lado. – “O que você está fazendo aqui? ” –“ Gosto de ficar quietinha vendo a estrela Sol descansar. Gosto de sentir os movimentos das árvores, ouvir o canto dos pássaros dando boa-noite, perceber as cores no céu antes de chegar a escuridão.” 

-“ É muito bom, né vó?” Acocorou-se como eu.

Fez-se o mais profundo e intenso partilhar!

Do âmago de minhas lembranças surgiram cenas de quando eu a colocava em meu colo, ainda bem pequenina, bebê recém- chegada e lhe contava histórias da Sol e do planeta Lua. 

Embebi-me de revivências amadurecendo o belo momento de aprendizado onde nós  nos mestramos.

Demos as mãos. Éramos uma só. Kairós registrou.

15/10/2012