quinta-feira, 23 de fevereiro de 2012

POETANDO


Por MOEMA AMEOM






Agua(r)dar

Existem lábios a espera

de beijos, sorrisos, assobios e muxoxos.

Existem lábios que vibram,

recolhem, encolhem e colhem,

sedentos,

a seiva da vida.

Estes lábios que foram seus,

agora sem dono,

tornam-se meus.

Focam-me nos desejos de minh’alma

que aguardam o fluxo do amanhã.


Part.indo

Parto

para me partir.


Parto

para me sentir.

Parto

em mil cacos

pedaços de mim.


Parto

Para reunir

o que de meu ficou

neste

parto

que me pariu.


Passeandando

Passo e repasso

o compasso do meu passo,

comungando

com o descompasso

que passa, capengando,

na luz do alvorecer.


Laviniando

Num dia

pingo

virou gente.

Pingo de gente.


Neste momento,

gente virou pingo.

Pingou gente.

Gotejou alma

no espaço acústico

do coração.


Nasceu minha neta.


EQUI . LIBRA

Balança
a pança
e lança,

no vento,
o pensamento.

Na anca
manca
baila
quem não mais há.

Balança
na lembrança
e cai.
Cai sem ai
e fica.

Finca
com intenção de VUÁ.


TRANS...

Meu tempo de lagarta passou.
Rompo o casulo da in.sanidade e parto
num parto de mim mesma
rumo ao in.sano.
Vou sanar os ossos.

Voo.
Com as frágeis asas da borboleta
que, por um dia vivem séculos de beleza plena.

Agarro-me aos galhos balouçantes das árvores irmãs
como quem se prende ao que se perde
com desejo de ganhar.

E, assim, acabo sendo EU.