terça-feira, 22 de novembro de 2011

Artesanato que alinhava minha história


Por ReNata Batista

Desde remotos tempos o trabalho artesanal permeia minha vida. Eu era criança quando acompanhava a minha irmã mais velha nas oficinas oferecidas pelo SESC. Que grande artesã é a minha irmã! Dedicada, atenciosa, caprichosa. Pra mim era uma diversão, aprendi muito com ela, embora nunca imaginasse que eu fosse me tornar uma artesã – afinal, era um trabalho delicado demais pra mim!

Passou-se o tempo e a necessidade me fez descobrir-me uma artesã primorosa. Muitas refeições foram obtidas graças às minhas criações de cartões e bijuterias em tempos de vacas muito magrinhas..

No ano de 2006, nós, profissionais de Moitakuá (na época éramos muitos), realizamos em Mirantão-MG uma série de encontros que denominamos Moitakuá Reúne – MoNe (fotos).

Dentre tantas atividades que desenvolvemos, estavam as oficinas de artesanato. Eram oficinas curtas que mobilizavam profissionais interessados em contribuir com uma formação diferenciada para a população. Belos trabalhos geraram resultados terapêuticos para todos os envolvidos!

Em 2009 fui trabalhar como voluntária em Ilhota após uma grande enchente, e foi no artesanato que eu encontrei a minha linha de atuação: desenvolvi com a população local um trabalho de conscientização ambiental através do artesanato com materiais recicláveis.

Recentemente, eu fui convidada para ministrar um módulo do curso de Formação de Agentes Culturais Comunitários, e em uma aula eu conversei bastante com a turma sobre a importância de se criarem movimentos nas comunidades de acordo com a necessidade local. Uma das alunas, na semana seguinte, chegou com a notícia de que tinha resolvido dar início a uma oficina de tricô no condomínio onde ela mora. Fiquei tão feliz, mais ainda por saber que, meses depois, ela continua firme e forte à frente das aulas, com a proposta de formar agentes facilitadoras para a difusão do aprendizado.

Em suma, embora um tanto marginalizado pela grande opinião pública, o artesanato é um grande valor do nosso país. Talvez por sermos um país “em desenvolvimento” e não termos uma indústria tão forte (graças a Deus), a manufatura é uma atividade largamente praticada por aqui. E muito valorizada pelo mercado externo, já tão saturado de industrialização e despersonalização!

O artesanato traz em si um valor agregado insubstituível, que é a alma por trás do objeto. O fato de ter sido feito por um coração pulsante, criativo e atento torna uma peça, por mais simples que seja, um exemplar da potencialidade criadora humana.

Não é à toa que está crescendo consideravelmente a valorização desta atividade, bem como os investimentos no setor. E para quem tem interesse no assunto, é bom frisar que é um nicho de mercado bastante promissor!

É um processo de muito rico de trabalho, que gera renda, contribui com as relações humanas, eleva a autoestima e ainda tem a possibilidade de ajudar o meio ambiente quando se trabalha com materiais reciclados.

Às manufaturas, por tudo o que me deram e possibilitaram realizar, rendo minhas homenagens!

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