sábado, 19 de março de 2011

QUEM CRIA A ESCULTURA?



Moema Ameom


Quem esculpe quem?
O movimento modela a energia ou esta cria formas no movimento?
Será o ar agente vitaliza.dor de ambos?
Se for, será ele então o responsável pela mutação das matérias colocando a existência na posição de espaço para exposições?
Se assim for, o que vem a ser trans.forma.ação? Ato de esculpir?
Estará então o Planeta buscando novas formas de expressão onde não há espaço para cirurgias plásticas? Nem l(h)ipo.aspirações?

As terras que desbarrancam estão esculpindo haikais? Ou Origamis?
Será que está sugerindo uma re.Visão sobre a vida?
As chuvas torrenciais estão cumprindo o papel de modeladoras de sentimentos tal e qual as obras de Escher?

Muitos questionamentos povoam minha mente neste momento em que sento diante do laptop para escrever este artigo. Sincera.mente não tenho respostas para nenhum deles, mesmo porque, questionamento não espera resposta, deseja apenas desanuviar o turbilhão de emoções que teima em modular as ondas de meus pensamentos, conduzindo-os a conclusões.
Não quero conclusões. A intenção é desafogar o peito para respirar melhor permitindo que o ar – acho que o éter é o grande escultor – possa me sinalizar o melhor caminho para a utilização desta obra suprema chamada Corpo Físico, dando a ele um nível de a.ten(s)ção capaz de modular meus processos viscerais.

Não vou sucumbir às avalanches que teimam em destruir esta morada onde dorme meu espírito. Não me deixo mais ser surpreendida por furacões,
vulcões ou tsunamis emocionais que possam me lançar no lodo da inconsciência.

Minha alma é resiliente.

Esculpir, Descobrir



ReNata Batista


Nossas emoções esculpem nosso corpo.
Fluxos vitais harmonizam; tensões enrijecem os músculos, mudam a posição de ossos, alteram movimentos articulares.
Nossa anatomia vai se alterando à medida que vivemos a nossa vida. Se o viver é coerente com os impulsos emanados pelo Sistema Nervoso Central, o corpo vai construindo estrutura sem precisar acumular tensão.
A tensão fica exacerbada quando O Ser se esforça em fazer resistência, quando os impulsos são negados constantemente e verdades são escondidas. É esse esforço que conduz o corpo a doenças que tanto mal nos causam.

E assim vamos esculpindo nosso corpo. Seja na harmonia, seja nos desvios (denominados cifose, lordose, bico-de-papagaio, corcunda e por aí vai), a relação da verdade - negada ou vivenciada - com o corpo sempre vai ser a formadora da nossa estrutura-escultura.

Ao contrário da obra de arte institucionalizada, esculpida por um artista que manipula externamente um material até dar-lhe forma, no nosso corpo esta forma é gerada de dentro pra fora, por sentimentos, emoções, relações do ser consigo e com o mundo.

O verdadeiro autoconhecimento, portanto, está intimamente ligado à leitura destas esculturas que construímos no nosso corpo.
Descobrir-se é uma questão de desvendar a obra de arte que criamos e recriamos dia após dia, minuto após minuto, em nós mesmos – sem querer conduzi-la de fora pra dentro, sem querer consertar ou direcionar.
Apenas re-conhecendo o que brota do lado de dentro.